Um território onde as indústrias compartilham recursos, colaboram entre si e constroem soluções conjuntas para desafios ambientais e econômicos. Essa é a visão que inspira a criação do Guia de Facilitação da Simbiose Industrial desenvolvido como parte do Programa AEDIN Simbiose, uma iniciativa conjunta do Projeto de Eficiência de Recursos e Simbiose Industrial em Santa Cruz (PRESI 2.0).
O guia nasceu da necessidade de estruturar e disseminar boas práticas para fortalecer a simbiose industrial, uma estratégia que aposta na cooperação entre empresas para o uso compartilhado e inteligente de recursos como água, energia e resíduos. Mas vai além da técnica: incorpora a escuta ativa, o envolvimento das comunidades e uma comunicação acessível como pilares para a transformação circular.
O Guia de Facilitação da Simbiose Industrial
A construção do guia é resultado de um intenso processo de escuta e trocas durante a Semana da Simbiose, que aconteceu de 12 a 16 de maio no Distrito Industrial de Santa Cruz. A programação incluiu painéis, workshops e visitas técnicas a empresas da região, reunindo representantes das empresas da região e uma comitiva dinamarquesa da Kalundborg Symbiosis, referência global no assunto com mais de 50 anos de atuação.
Durante os encontros, uma premissa ficou clara: transformar o território exige mais do que tecnologia — exige vínculos de confiança. Para isso, a abordagem reconheceu que a comunicação precisa ser pensada desde o início. Afinal, ela vai estruturar todas as relações, engajar atores e gerar entendimento, segundo as discussões.
“Não estamos falando apenas de inovação industrial ou meio ambiente. Estamos falando de economia, empregos e planejamento de longo prazo”, destacou Mette Wendel, Facilitadora de simbiose de Kalundborg, durante workshop para a construção do Guia.

Mette Wendel, Facilitadora de simbiose de Kalundborg, fala sobre o modelo usado na Dinamarca
O Guia de Facilitação também se propõe a ser um instrumento para mediadores e facilitadores atuarem de forma sensível às realidades locais. Ele parte do princípio de que cada território têm dinâmicas próprias e que projetos vindos “de fora” só ganham tração quando incorporam saberes locais e constroem junto.
Para Andressa Good, coordenadora na SEDEICS, os próximos passos para a consolidação do documento é conciliar os interesses. “A ideia é dar o contorno do que esse material vai ser: quais perguntas ele vai responder, para qual público ele se dirige, tudo com base nas discussões que já tivemos. A indústria tem uma demanda em relação ao conteúdo; às vezes, uma associação ou universidade tem outra”, contou.

Empresas se reuniram para discutir Guia de Facilitação da Simbiose Industrial
Além disso, existe o desafio de conciliar esses interesses em um material que seja simples e acessível, mas que também mostre o potencial da simbiose industrial — e como pode ser feita de forma colaborativa, com benefícios concretos para todos os envolvidos. Participaram das discussões membros da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz (AEDIN), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (SEDEICS) e representantes da Firjan, Greennova, Clean Cluster, Katrium, UERJ, Fiocruz/Biomanguinhos, entre outras.
A publicação do guia integra as entregas do Projeto de Eficiência de Recursos e Simbiose Industrial em Santa Cruz (PRESI 2.0), que consolida os avanços do Programa AEDIN Simbiose e reafirma o protagonismo do Rio de Janeiro na agenda da economia circular.